É importante começar por definir alguns conceitos como a pegada ecológica, as emissões de CO2, consumos de energia não renovável e o uso de energias renováveis. Depois deveremos aplicar esses mesmos conceitos à realidade da construção para podermos perceber algumas respostas corretas no momento de construir. Contudo deveremos também perceber o conceito de vida útil do edifício e o modo em como este pode prejudicar o meio ambiente ou viver em perfeita harmonia com este.
Arquitetura amiga do ambiente
O conceito de arquitetura sustentável ou amiga do ambiente representa no fundo todas as propostas que permitem a redução de um consumo de energias não renováveis e assim reduzir ao máximo a intervenção nos ecossistemas existentes.
Para melhor compreendermos o conceito é assim importante partilhar algumas definições:
Energias renováveis
Todas as fontes de energia cuja renovação é infindável. A energia eólica, solar, hídrica (marés, ondas e rios), geotérmica são exemplos de fontes de energia inesgotáveis.
Energias não renováveis
Todas as fontes de energia que podem ser consumidas e das quais não dispomos de fontes inesgotáveis. O petróleo, o gás, o biodiesel, a biomassa são tudo exemplos de fontes de energia que se podem esgotar.
Emissões de CO2
Toda a combustão presente na utilização de uma fonte de energia não renovável consome oxigénio e liberta CO2. Este processo é prejudicial para o planeta na medida em que o dióxido de carbono libertado aumenta o efeito de estufa e consequentemente o aquecimento global.
Efeito de estufa
Este efeito é aquele gerado pela atmosfera terrestre na medida em que mantém parte da temperatura acumulada e que provém da radiação solar. Ora, alguns gases como o dióxido de carbono aumentam este efeito e reduzem a capacidade de o planeta refletir calor.
Aquecimento global
Este é o resultado do aumento do efeito de estufa. No fundo é a primeira consequência do aumento deste processo. As temperaturas médias aumentam e desequilibram os ecossistemas milenares.
Edifícios ecológicos
Para que um edifício se torne ecológico tem no fundo de reduzir ao máximo o impacto no ambiente envolvente. Para isso tem de reduzir as emissões de CO2 e utilizar mais energias renováveis. Neste capítulo convém refletir um pouco sobre a melhor forma de habitar em harmonia com a natureza. Muitas destas decisões são tomadas em projeto pelo arquiteto. Outras são através de uma utilização responsável dos meios postos ao dispor de quem habita.
Edifícios sustentáveis energeticamente
Um edifício pode ter autonomia energética, mas para isso é necessário um conjunto de características especiais. Em primeiro lugar terá de consumir menos energia. Em segundo lugar deverá produzir alguma forma de energia. E em terceiro lugar terá também de não desperdiçar nenhuma forma de energia.
Eficiência térmica
A eficiência térmica é a capacidade que um edifício tem de conservar a sua temperatura. Ao fazê lo reduz as necessidades de climatização que frequente necessitam de consumir energia para aquecer ou arrefecer um espaço. Quanto melhor for o isolamento térmico da fachada, cobertura e ensoleiramento, melhor será o rendimento do edifício. Ao consumir menos energia em climatização o ambiente sai protegido.
Produção de energia
A produção de energia numa habitação ou num edifício pode hoje ser realizada mediante uma análise do potencial disponível. Poderão por exemplo ser disponibilizados painéis fotovoltaicos para produção de energia elétrica. Do mesmo modo poderá ser utilizado um termossifão para aquecimento de águas sanitárias. Existe a possibilidade de usar a energia geotérmica ou aerotérmica para apoio na climatização. Poderá ser usada biomassa se houver disponibilidade de fornecimento natural de matéria orgânica responsável. Caso exista potencial eólico poderá ser utilizada uma torre eólica. É também importante analisar a possibilidade de instalar uma mini hídrica para produção de energia elétrica.
Poupança energética
Um edifício tem muitas componentes que devem ser analisadas para permitir poupanças energéticas. A iluminação natural reduz os consumos de energia elétrica para iluminar os espaços. A substituição das lâmpadas por novas mais eficientes permitirá uma maior economia nos consumos. A redução das necessidades de climatização através de temperaturas distintas para verão e inverno reduzirá gastos de energia. A utilização de equipamentos de última geração reduzirá os gastos em energia do mesmo modo. Uma utilização responsável dos vãos, que poderá inclusivamente ser aliada à domótica permitirá maiores poupanças. A correta orientação solar dos vãos em projeto permitirá também menores necessidades de climatização. A utilização de piscinas ecológicas (filtradas por plantas aquáticas) sem necessidade de climatização ou alterações químicas da água permitirá também uma menor necessidade de energia e uma integração plena com os ecossistemas envolventes.
Redução de produtos nocivos para o meio ambiente
Devemos evitar alguns produtos durante a vida de um edifício. Sempre que possível deveremos utilizar piscinas cuja água é devidamente purificada através da flora e poupamos assim o uso de químicos como o cloro que têm forte impacto no ambiente.
Separação dos lixos para reciclagem
A conveniente separação dos resíduos sólidos permitirá a sua posterior reciclagem. Desse modo salvaguardaremos a possibilidade de estes resíduos entrarem de novo no ciclo de consumo sem que para isso existam graves danos ao ambiente ou desperdício de energia na produção de novos objetos.
Utilização de plantas endógenas
Escolher plantas que estão habituadas, preparadas e adaptadas aos ambientes existentes permite poupar recursos energéticos para as manter e ao mesmo tempo não danificam os ecossistemas existentes.
Construção ecológica
Para tornar o ato de construir um processo com uma menor pegada ecológica é necessário reduzir ao máximo todas as opções pelas energias não renováveis. Isto é, temos de optar pelo mais baixo valor de emissões possível.
Utilização de materiais locais
A utilização de materiais existentes próximo da obra em causa é uma técnica ancestral pois permite que por um lado os locais mantenham uma homogeneidade estética e, por outro que não existam grandes deslocações de matéria prima. Ora, as deslocações de material são danosas para o ambiente na medida em que se consomem recursos energéticos e se emite dióxido de carbono para a atmosfera.
Redução de produtos tóxicos
Para uma construção sustentável é conveniente ter em conta que deveremos evitar o uso de produtos tóxicos ou nocivos para o ambiente. O amianto é um deles pois é mais que evidente o risco para o ser humano. Mas outros produtos deverão ser também evitados. Exemplos a evitar são o vinil que deverá ser substituído pelo linóleo. Outros casos a não recorrer são os vernizes e as tintas resultantes de pigmentos não naturais.
Opção pelas técnicas de produção mais eficientes
Sempre que os locais obriguem a grandes deslocações logísticas resultantes das opções construtivas, estas deverão ser revistas. Por exemplo, quando uma central de betão se encontra muito afastada de um determinado local deverá ser privilegiada uma estrutura de madeira ou de aço leve. Por outro lado, e sempre que possível, as estruturas deverão ser aligeiradas. Estruturas mais leves consomem menos recursos energéticos e como tal menor impacto no ambiente.
Materiais Biodegradáveis
Uma construção sustentável opta por materiais biodegradáveis. Isto significa que rapidamente o material se transforma e é absorvido pelo ecossistema. Materiais como o policarbonato demoram séculos a serem englobados pela natureza e interferem gravemente na cadeia alimentar pois matam animais que os confundem com alimentos. A madeira é um material que rapidamente apodrece pois é matéria orgânica integrada na natureza. Materiais biodegradáveis com comportamento semelhante são a lã, o bioplástico ou a cortiça que podem ser integrados nos acabamentos de qualquer edifício.
Materiais Recicláveis
Uma construção ecológica opta por materiais que se reciclam para usos diferentes. Podemos facilmente reciclar materiais como o ferro, o vidro e outros. Apesar de serem produzidos com grandes quantidades de energia, estes materiais podem facilmente ser reciclados. Poupa se assim o impacto que possa ter o seu aterro e poupa se assim energia num novo produto, pois é matéria prima já elaborada.
Projetos Ecológicos
Na generalidade, podemos dizer que o gabinete aplica os princípios ecológicos a todos os projetos. Contudo, em alguns trabalhos o respeito pelo meio ambiente assume contornos especiais, na medida em que eram preocupações também partilhadas pelos nossos clientes. Veja aqui alguns dos projetos de arquitetura sustentável que nos deram maior prazer realizar.
Perguntas sobre Arquitetura Sustentável
Pode ler aqui um conjunto de perguntas e respostas sobre a temática da arquitetura sustentável ou das várias formas de desenvolver projetos com uma reduzida pegada ecológica e impacto na natureza.
Não, de maneira nenhuma. Verificamos que a arquitetura e o urbanismo amigo do ambiente é uma área onde tem existido uma constante procura do mercado. Um dos factos a que assistimos no negócio imobiliário é que só aqueles que têm mais-valias têm sobrevivido. Nesse sentido, investir na sustentabilidade é essencial.
Todavia, é também um facto que poucos gabinetes têm arquitetos e engenheiros verdadeiramente sensibilizados ou especializados no desenvolvimento de edifícios sustentáveis.
No nosso caso, investimos bastante nesse aspeto e temos projetos de arquitetura sustentável e arquitetos com trabalhos reconhecidos em publicações através de reportagens e entrevistas.
Não. Nós nunca o faremos. O papel do arquiteto é precisamente defender uma arquitetura sustentável e mais amiga do ambiente.
A arquitetura sustentável é mais cara?
Não. A sustentabilidade económica e ecológica é precisamente a mesma coisa. “Eco” quer dizer poupança. “Logia” vem de lógica. Ecologia é assim a lógica da poupança. “Nomia” significa número. Economia é assim a poupança do número. Os dois conceitos não só não se opõem como se completam.
Não. Precisamente o contrario. Em suma, fazer arquitetura sustentável é tornar a construção e a vida do edifício bastante mais eficiente. Contudo, simplesmente requer conhecimento especializado por parte do arquiteto e do engenheiro responsável pelo projeto.